Crescimento econômico é o desafiodo segundo mandato do presidente Lula

 
O grande desafio do presidente Lula no segundo mandato será, sem sombra de dúvidas, fazer a economia crescer num ritmo sustentado capaz de incorporar a massa da população que entra, a cada ano, no mercado de trabalho e, mais do que isso, gerar um excedente de oferta para incorporar uma boa parcela dos atuais desempregados. Para isso, algumas mudanças terão que ser feitas em relação ao que foi posto em prática no primeiro mandato.

“O governo precisa assumir uma nova postura na área fiscal: controlar, racionalizar e até mesmo cortar gastos, para que o setor público recupere sua capacidade de investimento e para que o setor privado seja desonerado gradualmente com a redução da carga tributária. Essa é uma questão fundamental para o país poder crescer.”

Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, 30.10.06

Terá, portanto, que ir muito além da bem sucedida abordagem social do primeiro governo (Bolsa-Família, aumento do salário mínimo acima da inflação, queda no preço dos alimentos básicos etc.). Essa foi uma iniciativa que é reconhecida pelos mais conscientes como compensatória e temporária. Não pode ser, nunca, um regime que se pretenda permanente, pelo menos para as mesmas pessoas.

“Essa não é uma política assistencialista. Essa é uma política de sobrevivência enquanto você não pode dar emprego.”

Delfim Netto, ex-deputado paulista, IstoÉ, 08.11.06

A Bolsa-Família, por exemplo, tão bem sucedida eleitoralmente, precisa ser transformada em instrumento indutor efetivo de inclusão. Se permanecer como uma desculpa para apenas repassar dinheiro para pessoas carentes, se tornará um fracasso grande uma vez que transformará os beneficiados em recebedores oficias de um tipo de ajuda que facilmente resvalará para o terreno da esmola pública.

“Se o Bolsa-Família, com seus quase 40 milhões de beneficiários diretos e indiretos, não ajudar a promover trabalhadores, mas mendigos oficiais, irá se desmoralizar. Dar o dinheiro é fácil; fazê-lo gerar pessoas autônomas, muito mais difícil.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 05.11.06

Pelo menos do ponto de vista do discurso, o crescimento será incorporado como fator determinante do segundo mandato.

“O segundo governo vai privilegiar o crescimento da economia, com inflação baixa e distribuição de renda.”

Tarso Genro, ministro, CartaCapital, 08.11.06

O problema é que o crescimento do PIB brasileiro em 2005 foi de 2,3%, só melhor na América Latina e no Caribe do que o do Haiti. Em 2006, as previsões são de 2,5% a 3%, enquanto o FMI prevê uma taxa de 5,1% para o mundo e de 4,8% para a América Latina. E para crescer mais do que a média conseguida no primeiro mandato, é preciso investimentos em infra-estrutura que o estado não pode fazer por conta do ajuste fiscal em curso.

“Tentar um crescimento forçado será um fracasso.”

Eduardo Gianetti, economista, Época, 06.11.06

Como se pode ver, portanto, o desafio do presidente Lula no segundo mandato é grande e no meio dele está o crescimento da economia para, inclusive, poder dar mais conseqüência à política social. Vamos torcer para que consiga. O país precisa disto.