O aumento da expectativa de vida e os impactos nos conflitos geracionais

Os avanços da medicina e os novos hábitos ligados à saúde e ao bem-estar têm feito com que os brasileiros vivam mais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida ao nascer no país atualmente é de 76,8 anos. Mas de que forma essa tendência pode impactar o dia a dia das empresas familiares?
É fato que, com o aumento da qualidade de vida, as pessoas estão chegando na terceira idade em plena condição de trabalho. É comum encontrarmos, inclusive, aposentados que não se afastaram do mercado e seguem atuando em suas funções. Nas empresas familiares, o reflexo desse movimento tem sido o encontro de três gerações trabalhando simultaneamente e ativamente na gestão do negócio.
Se por um lado é muito bom ter netos, pais e avós atuando em conjunto, por outro, é muito comum que essa convivência dentro da empresa familiar gere um conflito de gerações, afinal, envolve pessoas com experiências e perfis diferentes e formatos de trabalho distintos.
Essas divergências acontecem por razões diversas. De um lado, temos as gerações mais velhas que carregam mitos, crenças e práticas bem-sucedidas. Do outro, temos os mais jovens cheios de novas ideias e conhecimentos, com muita vontade de construir a sua marca no negócio da família, mas com pouca experiência de trabalho e de vida.
De modo geral, os netos têm mais paciência com os avós do que costumam ter com os pais e com os tios. Os avós são entendidos como “entidades sagradas” e, por isso, é mais difícil para os netos irem contra as suas opiniões. Na prática, os netos se calam, mas fazem queixas aos pais e aos tios e, muitas vezes, fica com eles a mediação desse impasse, até mesmo para não desmotivar a geração que se prepara para assumir o comando da empresa familiar.
É por isso que esse encontro de três ou mais gerações na gestão do negócio têm exigido ainda mais competência das empresas familiares e “jogo de cintura” para lidar com os conflitos geracionais e abrir as portas para a inovação. Isso quer dizer que, para que as mudanças de fato aconteçam, é preciso ter um “trabalho” a mais, mostrar o porquê das decisões, adaptar a linguagem para que se chegue ao entendimento do que está sendo proposto, exemplificar com outras realidades e cases de sucesso.
Além disso, é sempre bom lembrar que todas as ideias, sejam elas das gerações mais novas ou mais experientes, não devem ser desconsideradas sem análise. É necessário ter respeito pela experiência adquirida nos muitos anos de trabalho ou pelo conhecimento acadêmico, e ter atenção com aquelas ideias que possam até não fazer sentido num primeiro momento. O segredo é utilizá-las com sabedoria.