A calçada é parque também!

“A iniciativa tem o objetivo de privilegiar a mais ampla “janela” que o Rio Capibaribe tem, depois do centro da cidade, que é justamente ali, onde se convencionou chamar de Cais da Jaqueira.”

A propósito da discussão que se instalou no Recife sobre a ampliação da calçada do Parque da Jaqueira que dá para a Avenida Rui Barbosa, um aspecto foi inicialmente esquecido ou ocultado: não se estava “reduzindo” o parque com o recuo da cerca porque a calçada passará a ser do parque também. Logo, o parque será ampliado, e não reduzido, com a calçada que antes estava “fora” dele (ver, a propósito, reportagem nesta edição da Algomais).

Na verdade, a iniciativa tem o objetivo de privilegiar a mais ampla “janela” que o Rio Capibaribe tem, depois do centro da cidade, que é justamente ali, onde se convencionou chamar de Cais da Jaqueira. Então, temos a “janela” e, defronte dela, o Parque da Jaqueira, sem praticamente nenhuma conexão entre esses dois extraordinários ativos ambientais da cidade. O projeto Parque Capibaribe, convênio entre a UFPE e a Prefeitura do Recife, identificando isso, propôs a conexão entre os dois “lados”, com a “engorda” da calçada junto ao Cais e, do lado do Parque da Jaqueira, a ampliação do passeio, transformando-o numa calçada-parque. Complementarmente, está prevista também naquele trecho, uma elevação do piso da Avenida Rui Barbosa, igualando-o ao nível das calçadas laterais, para facilitar a conexão e a travessia de pedestres e ciclistas, de um lado para o outro.

A ideia é, com essa conexão feita, interligá-la com o Jardim do Baobá, mais à frente em Ponte D’Uchoa, considerado o “Marco Zero” do Parque Capibaribe. E, assim, ir articulando trecho a trecho para ir formando, no conjunto, trechos maiores do Parque Capibaribe, recuperando pouco a pouco o rio para o usufruto da cidade, perdido depois que a urbanização terminou fazendo com que a cidade desse “as costas” para o Capibaribe. Ali, estamos tendo, justamente, uma oportunidade rara de avançar nesse “descortinamento”, fazendo com a Jaqueira, finalmente, dê a frente para o rio da integração municipal.

Trata-se, o que se está fazendo na Jaqueira, de um avanço civilizatório enorme que precisa ser compreendido e incentivado por todos
aqueles que querem o bem da cidade. Em sendo assim, todo o debate deve ser feito, o mais amplamente possível, mas tendo uma cidade melhor como objetivo final, sem reducionismos. E, ainda, no caso, com o “bônus” de um pôr do sol dos mais bonitos do Recife que poderá agora ser contemplado a partir de calçadas mais generosas e de um Parque de frente para um horizonte descortinado.

*Artigo publicado na edição 149 da revista Algomais (www.algomais.com)