Gestão da inovação na crise

Competitividade é a capacidade de chegar no futuro entre os primeiros.” C.K. Prahalad (1941-2010), consultor indiano.
Considerando o momento bastante desafiador de crise que enfrentamos nos dias que correm, e lembrando do conceito de Prahalad, vemos que atualmente aumentaram significativamente as já expressivas exigências para as empresas chegarem bem ao futuro, com bases sólidas para conseguirem figurar lá entre as primeiras.
Um importante elemento dessas bases da competitividade é, sem sombra de dúvida, a inovação, tanto em questões relativas ao mercado quanto no que diz respeito à própria empresa, sejam elas incrementais (de aperfeiçoamento ou de melhoria contínua) ou de ruptura (algo novo, rompendo com os padrões existentes).
Um problema é que a imagem da inovação normalmente é associada a uma grande ideia e também a profissionais brilhantes que, repentinamente, têm um arroubo de inspiração. De fato, uma pessoa pode até ter brilhantes ideias ou mesmo ter mais facilidade na sua geração, mas as organizações que inovam de modo sistemático investem na gestão da inovação, criando espaços para que ela aconteça (fóruns, oportunidades de experimentação etc.) e no desenvolvimento de equipes capazes de inovar.
O desenvolvimento da capacidade institucional de inovação implica em esforço contínuo e disciplinado, trabalho em equipe (com visões, competências e estilos diferentes, mas compatíveis) e capacitação para inovar, tanto no que diz respeito ao ambiente de negócios quanto no que se refere ao próprio processo criativo.
No que diz respeito à diversidade das equipes e dos modos de pensar, existe uma abordagem muito interessante de Edward de Bono (considerado um dos maiores especialistas mundiais em inovação e criatividade) que relaciona seis “modelos mentais” para se avaliar e aperfeiçoar uma ideia: (1) a análise de dados sobre o mercado e sobre a ideia propriamente dita; (2) o uso da intuição da equipe e suas percepções “viscerais”; (3) as razões para a ideia dar certo; (4) as razões para a ideia dar errado; (5) a discussão de novas perspectivas utilizando o que é original como base; e (6) o pensamento sobre a implantação e os próximos passos.
Em suma, para a gestão efetiva da inovação não se trata apenas de produzir ideias, mas também dessas ideias terem potencial de mercado ou de efetividade nos processos internos e, além disso, tornarem-se realidade. Ou seja, a efetividade da inovação requer: (1) uma ideia inovadora; (2) uma oportunidade ou demanda (que pode ser existente ou induzida) a ser atendida; e (3) uma execução final competente.
Isso tudo só reitera a indispensável necessidade da diversidade nas organizações, já que é muito difícil contar com profissionais que sejam bons em todas essas dimensões, especialmente nos duros tempos de crise quando a escassez de recursos é ainda mais acentuada.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br