Planejamento estratégico na crise

Progredir numa economia turbulenta exige mais do que apenas sorte e intuição. Requer mentalidade inovadora, planejamento sério e estratégia certa.” Philip Kotler e John A. Caslione no livro Vencer no Caos (1879-1955)
Após o Plano Real, na segunda metade da década de 1990, o País sobreviveu a taxas de inflação inacreditáveis hoje em dia, a muitas mudanças de moeda e a trocas de ministros da Fazenda, numa velocidade que mais parecia as substituições de técnicos de futebol de clubes brasileiros. Antes da estabilização da economia, as empresas precisavam lidar com a grande dificuldade de formular planos de longo prazo, tamanhas as incertezas do cenário econômico.
Guardadas as devidas proporções, infelizmente estamos mais uma vez numa situação de incertezas quanto às perspectivas do País. É difícil antecipar com clareza os próximos movimentos na esfera política e, consequentemente, projetar o desempenho da economia brasileira nos próximos meses.
Nesse contexto, alguém pode achar que, diante de tantas incertezas, a ferramenta de planejamento estratégico perde sua efetividade, afinal “vamos formular um planejamento para qual cenário?” A questão é que se pudéssemos saber antecipadamente o que iria acontecer, não seria necessário fazer planejamento nenhum mas, apenas, programar as ações desejadas e simplesmente executá-las.
A necessidade de formular estratégias se dá, justamente, porque não sabemos o que vai acontecer, mesmo em tempos de calmaria. Principalmente nos setores que sofrem mudanças em ritmo acelerado e, em especial, em um cenário de crise, com natural ampliação da insegurança e imprecisão, a ferramenta de planejamento estratégico ganha importância na medida em que permite raciocinar o negócio sob perspectivas de futuro diferentes. O mais importante não é saber o que vai acontecer, mas se preparar para possibilidades de futuros diferentes, procurando sempre responder a pergunta: “o que faremos se tal cenário acontecer?”
Mercados mais turbulentos exigem competência ainda maior na formulação de estratégias. A ferramenta do planejamento deve ser incorporada ao modelo de gestão como atividade permanente de analisar tendências e cenários, avaliar as condições para chegar ao futuro desejado, formular estratégias para conquistar esse futuro, implantar um processo de acompanhamento com ciclos de revisão e atualização mais curtos, e avaliar os resultados conquistados de modo sistemático.
Além disso, é importante definir objetivos mais imediatos, com foco na sobrevivência da organização no período de crise e, ao mesmo tempo, ter nitidez da visão de futuro (objetivo de médio ou longo prazos), com perspectiva inovadora, seja no desenvolvimento de novos produtos/serviços ou na prospecção de novos mercados ainda não atendidos.
Tudo isso muito além de sorte ou intuição apenas!
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br