A Matriz de Ansoff e a inovação na crise

por Francisco Cunha, sócio da TGI Consultoria em Gestão
É essencial buscar a inovação com o atendimento a novos clientes e o desenvolvimento de novos produtos
Todos os que, por dever de ofício, lidamos com o planejamento empresarial temos uma dívida de gratidão com Igor Ansoff, professor e consultor norte-americano, nascido na Rússia, pioneiro da estratégia corporativa que, na sua hoje clássica obra Corporate Strategy, de 1965, criou a ferramenta de análise estratégica Produtos x Mercados, depois popularizada como Matriz de Ansoff.
Essa matriz apresenta no eixo horizontal os mercados da organização e no vertical seus produtos (ou serviços) formando quatro quadrantes, cada um induzindo uma estratégia específica: (1) produtos atuais e mercados atuais (penetração de mercado); (2) produtos atuais e mercados novos (desenvolvimento de mercados); (3) produtos novos e mercados atuais (desenvolvimento de produtos); e (4) produtos novos e mercados novos (diversificação).
Trata-se de uma ferramenta tão simples quanto poderosa para balizar as estratégias de mercado das organizações que produzem e/ou vendem produtos ou prestam serviços, muito especialmente em época de crise como a que vivemos atualmente quando a demanda pelos produtos e/ou serviços vendidos aos mercados tradicionais (quadrante 1) naturalmente desaquece resultando em inevitável queda, não raro acentuada, da receita.
O que Ansoff nos ensina com sua Matriz é que, nesses casos, a saída é buscar oferecer os produtos atuais para novos mercados (desenvolver novos clientes no quadrante 2) ou desenvolver novos produtos para o mercado já atendido (no quadrante 3) ou, ainda, oferecer novos produtos para novos mercados (diversificar a atuação no quadrante 4).Claro que isso é bem mais fácil de falar e formular teoricamente do que de executar. Tentar por em prática, porém, é fundamental sob pena de ver a crise se instalar no mercado atendido com os produtos atuais e ter que concentrar todo o esforço de ajuste apenas no corte de despesas, reduzindo o tamanho da empresa e comprometendo sua capacidade competitiva quando a crise se for.
Em suma, na crise, fazer o “dever de casa” ajustando as despesas é fundamental, mas também é essencial buscar a inovação com o atendimento a novos clientes e o desenvolvimento de novos produtos para gerar receita adicional não contaminada pela retração do mercado tradicional. É isso.
Mais uma vez obrigado, Ansoff!
*Artigo publicado na edição 109 da revista Algomais (www.revistaalgomais.com.br)