VIVER SÓ PARA TRABALHAR?

“Nem tanto ao mar, nem tanto à serra.”

Ditado Português

A ânsia por resultados positivos, o aumento de receita e um melhor desempenho financeiro e operacional têm sido uma preocupação constante para muitos empresários, em especial nesses tempos difíceis na economia do País. E isso pode estar tendo reflexo diretamente na saúde, não só dos dirigentes e gerentes, mas da empresa, como um todo. O diagnóstico é mais sério do que se imagina e pode levar a seguinte reflexão: viver para trabalhar ou trabalhar para viver bem?
Como mostram várias pesquisas, essa é a realidade de muitos trabalhadores brasileiros que estão mais cansados e estressados com uma jornada atual de trabalho que se estende além do horário comercial. Ainda mais com o avanço quase inacreditável da tecnologia que banalizou dispositivos como smartphones e tablets que deixam as pessoas conectadas às demandas da empresa 24 horas por dia. Uma realidade que não só prejudica a saúde pessoal mas, em última análise, a própria produtividade e o desempenho da organização.
Esse quadro fez surgir um novo perfil de profissional, caracterizado pela falta de humor e do trabalho em equipe. Uma pessoa que troca a descontração dos papos informais por desabafos e lamentações. A vida pessoal é outra prejudicada. O trabalho sai dos escritórios e vai para casa. O momento em família é trocado por horas e horas em frente ao computador. Há um descuido com a relação familiar e surge um novo sentimento, o de solidão. Falta diálogo, troca de ideias e até a vivência saudável dos problemas que envolvem a família.
Assim, não raras pessoas acometidas deste mal, quando se dão conta de toda a situação, escolhem o caminho radical: romper com a empresa e a carreira. Abre-se ao seu redor, um abismo de dúvidas, tristeza e cansaço. E a opção é fugir, largar tudo com todas as consequências para a vida pessoal que isso implica.
Não, essa não é a melhor saída, com toda a certeza. Na verdade, o que se percebe é uma falha na distribuição do tempo entre vida pessoal e profissional; uma busca desenfreada por números elevados de desempenho; e uma exigência pessoal cada vez maior em decisões acertadas. Mas, e a qualidade de vida? E a família? E os momentos de lazer? Como chegar a respostas satisfatórias para essas perguntas? Fica a reflexão. Urgentemente, isso deve ser repensado ou poderemos ter uma geração doente, com empresas também contaminadas e ambientes de trabalho maleficamente carregados.
Portanto, é preciso procurar e encontrar, para o bem de todos os envolvidos no problema (profissional, empresa, família), uma solução intermediária que concilie resultados profissionais positivos com mínima qualidade de vida, sem exageros comprometedores, nem de um lado nem de outros. Afinal, a sabedoria milenar já consagrou que “a moderação em tudo é boa”.
O Gestão Mais é uma coluna da TGI na revista Algomais. Leia a publicação completa aqui: www.revistaalgomais.com.br