Agenda TGI debate O Recife que Precisamos

Com os EUA e a Europa ainda tentando sair da crise, os Brics devem continuar a atuar como motor da economia mundial, embora com um crescimento menos acelerado do que o dos últimos anos. No Brasil, o emergente poder de consumo da classe C ajuda a sustentar o crescimento, embora a falta de investimentos e a carga tributária, principalmente sobre os salários, ainda sejam grandes entraves ao desenvolvimento. No Nordeste e em Pernambuco, a seca acende um alerta vermelho, evidenciando a incapacidade do Poder Público de lidar com um problema já conhecido e recorrente. Em meio a esse cenário, o Recife inicia uma nova gestão com um grande desafio: reverter o quadro de caos urbano, encontrando soluções para problemas graves, como falta de mobilidade, calçadas intransitáveis, abandono do centro histórico e degradação do Rio Capibaribe.
A avaliação foi feita pelo consultor Francisco Cunha, diretor da TGI Consultoria em Gestão, integrante da Rede Gestão, no lançamento da Agenda TGI 2013. Durante o evento, transmitido ao vivo pelo site da TGI (www.tgi.com.br), ele falou para cerca de 500 empresários, executivos e profissionais sobre o tema Do Mundo em Transformação ao Recife que Precisamos, fazendo um balanço do ano, do ponto de vista político-econômico, e apresentando os cenários mais prováveis para 2013 no mundo, no Brasil e em Pernambuco.
Mundo – A grave crise econômica que afeta a Zona do Euro não deve ter uma solução em 2013. “A situação dramática pela qual os países europeus passam deve levar mais 6 ou 7 anos para ser definida”, disse Francisco. Os EUA, além da crise internacional, têm outro grande desafio pela frente: o chamado “abismo fiscal” — com corte de gastos e aumento dos impostos —, necessário para reduzir o déficit no orçamento, mas que pode conduzir o país a uma recessão, com crescimento negativo já em 2013. A China também pisou no freio e deve reduzir progressivamente suas taxas de crescimento anual do PIB, de forma planejada, até 2030.
Brasil – Entre os Brics, o Brasil é o país que menos cresce. Segundo Francisco, o modelo de crescimento dos últimos anos, ancorado no aumento do poder de consumo da classe C, já dá sinais de esgotamento, embora ainda tenha fôlego. “Especialistas apontam que o grande problema do Brasil é a falta de investimentos”, assinalou. “Investimos apenas 20% do PIB, enquanto a China investe quase 50%.” A carga tributária brasileira, uma das mais elevadas do mundo, com um volume excessivo de encargos sobre os salários, é outra fraqueza competitiva que, segundo ele, precisa ser enfrentada para que o País possa alavancar seu crescimento.
Nordeste – O Nordeste enfrenta mais uma vez as graves consequências da seca, fenômeno que, embora cíclico, ainda carece de uma estratégia que possa minimizar seus efeitos. “Esse é um problema antigo e recorrente. Todos sabem que vai ocorrer, mas não há planejamento nem ações para reduzir seus impactos, embora 12% da população brasileira encontre-se na região do semiárido”, assinalou.
Pernambuco – O Estado continua crescendo a taxas acima da média brasileira, embalado pelos investimentos estruturadores ainda em fase de implantação. As boas perspectivas de crescimento do PIB devem se concretizar. Porém, cerca de 90% do território pernambucano está localizado no perímetro da seca. Segundo Francisco, é preciso enfrentar esse problema para que o crescimento do Estado não fique encapsulado no litoral, principalmente em Suape.
Recife – O Recife que Precisamos, tema da campanha lançada pelo Observatório do Recife, em parceria com a TGI e a revista Algomais, mereceu atenção especial durante a apresentação. Francisco Cunha defendeu a mobilização da sociedade em torno de cinco pontos principais para recuperar a cidade e iniciar um projeto ousado para que o Recife chegue aos 500 anos, em 2037, com seus principais problemas urbanos resolvidos. Os cinco princípios defendidos pela campanha são:
1) Retomada do controle urbano – Gestão municipal atuante e eficaz para garantir calçadas transitáveis, ruas limpas e seguras, praças e parques equipados, arborização adequada, ambulantes disciplinados, fiação organizada. A ordem de volta à cidade do Recife.
2) Restabelecimento imediato do planejamento a longo prazo – Visualização clara do que deve ser a cidade nas próximas décadas e o caminho compartilhado pelos cidadãos de como chegar lá.
3) Enfrentamento do travamento da mobilidade – Prioridade para uma boa engenharia de tráfego, para a locomoção não motorizada (a pé e de bicicleta) e para o transporte coletivo (metrô e corredores exclusivos de ônibus).
4) Recuperação do centro da cidade – Preservação e transformação do centro em Patrimônio Cultural da Humanidade, resgatando sua importância histórica.
5) Revitalização do Rio Capibaribe – Recuperação física (sem esgoto e sem lixo) e sentimental do rio da integração recifense, a antiga principal via da cidade.
Para aderir à campanha, basta “curtir” a página no Facebook:
facebook.com/orecifequeprecisamos.
Otimismo no Segundo Mandato de Obama
Durante o lançamento da Agenda TGI, foi realizada uma pesquisa com os presentes — empresários, gestores e profissionais de empresas públicas e privadas, representantes de associações empresariais e organizações sociais. Os 358 pesquisados deram sua opinião sobre temas relevantes, revelando suas expectativas para 2013 nos âmbitos mundial, nacional e local. Mundo: Para 73,4% dos que responderam à pesquisa, Barack Obama fará um segundo mandato melhor do que o primeiro, contra 24,4% que responderam igual e 2,2%, pior que o primeiro. Para 61,1%, a nova administração chinesa não conseguirá manter o ritmo de crescimento do PIB, enquanto 38,9% acreditam que sim. Sobre a crise na Zona do Euro, 47,6% acreditam que ela irá se manter igual; 30,7%, que irá piorar; e 21,7%, que irá melhorar em 2013.
Maioria aposta no crescimento do PIB em 2013
A pesquisa também investigou a expectativa dos participantes sobre o Brasil em 2013. Para 59,1%, o PIB do País no próximo ano deve ser maior do que o de 2012. Para 23,9% será igual, enquanto 17% acreditam que será menor. Perguntados sobre em que principal prioridade o governo Dilma deveria concentrar seus esforços até o fim do mandato, 51% responderam educação; 40,7%, infraestrutura; e 8,3%, saúde. A grande maioria dos entrevistados (64,6%) deu uma nota média de 5 a 7 para o Governo Dilma; enquanto 31,1% deram nota entre 8 e 10; e 4,3%, nota entre 0 e 4. Sobre as prioridades para o Estado de Pernambuco, 46% dos pesquisados afirmaram que o governador Eduardo Campos deveria investir em infraestrutura, enquanto 42% responderam educação e 12%, saúde.
Mobilidade deve ser prioridade para o Recife
Em relação ao Recife, os entrevistados também opinaram sobre qual deveria ser a prioridade da administração Geraldo Julio. As respostas foram: mobilidade (33,8%), ordem urbana (22,2%), planejamento de longo prazo (20,5%), educação (13,8%), segurança (5,4%) e saúde (4,3%). No que diz respeito à mobilidade, os pesquisados disseram que a próxima administração municipal deve priorizar: o transporte coletivo (85,9%), os automóveis (5,9%), o pedestre (4,8%) e o ciclista (3,4%).