Interdependência ou morte!

O novo brado retumbante é uma provocação feita pelo publicitá- rio Ricardo Guimarães. Ele defende que em um mundo cada vez mais estruturado em redes, não há saída fora da colaboratividade. Segundo Guimarães, falamos com orgulho reforçados pelo grito de D. Pedro I: independência ou morte. Ou seja, definimos o sucesso como não precisar do outro. Mas, seja para profissionais, empresas, organizações ou países, perceber que todos estão conectados e dependem um do outro, é a senha para conseguir sobreviver no novo ambiente global sem fronteiras.
Nas empresas, o conceito de interdependência se aplica como um contraponto a um estilo centralizador de gestão, cada vez mais ultrapassa- do. A lógica é que um modelo no qual cada um tenha autonomia para contribuir, com suas habilidades, para a construção do projeto coletivo é mais produtivo e enriquecedor do que a gestão baseada no princípio de co- mando e obediência.
Autonomia é uma palavra-chave no processo da interdependência. Ela pode ser definida como a capacidade de estabelecer uma via de mão dupla nas relações de poder, no que isso implica de iniciativa, responsabilidade, decisão e possibilidade de falar em nome próprio, bancando acertos e erros. Não deve ser confundida, todavia, com independência ou autossuficiência. Agir isoladamente, decidir só, descumprir acordos e desconsiderar o outro não é autonomia. Atuar com autonomia exige a visão da interdependência entre os diversos profissionais, além de respeito ao próximo e reconhecimento de seus próprios limites.
Ao contrário do que muitos pensam, autonomia não é algo que possa ser dado, mas sim um padrão de relacionamento construído de forma muito singular, que precisa ser de- senvolvido e trabalhado. No exercício da autonomia, o gestor considera, para todos os efeitos práticos, que todos de sua equipe podem contribuir equilibradamente para a construção do projeto coletivo, mas respeitando as diferenças de cada um na forma de fazer, conceber ou construir.