Pernambuco engrenou, e agora?

O PIB pernambucano cresceu em 2010 a taxas chinesas (9,5%), acima da média do Nordeste e do Brasil, e só abaixo da da China, que cresceu 10,3%. Os investimentos estruturadores, em andamento ou anunciados, ultrapassam os US$ 30 bilhões nos próximos cinco anos, confirmando que o Estado está diante da melhor oportunidade de desenvolvimento dos últimos cinquenta anos. Segundo as estimativas da edição 11 da Pesquisa Empresas & Empresários (Pernambuco da Próxima Geração), em um cenário otimista, o PIB pernambucano cresceria quase seis vezes até 2035, chegando a R$ 439 bilhões, o equivalente ao PIB atual do Nordeste. Em uma hipótese mais moderada, a economia triplicaria de tamanho, com o PIB chegando a R$ 255 bilhões.
“Há 20 anos, quando começamos a pesquisar o futuro do Estado, se dizia que a saída estava na vinda de uma refinaria, de uma siderúrgica ou de uma montadora. Agora, além das três, temos um complexo naval, a Transnordestina, a transposição e o Polo Farmoquímico, dentre outros investimentos e vulto. Com isso, Pernambuco engrenou, não há dúvidas. Mas os desafios atrelados a essa nova conjuntura colocam grandes exigências tanto para o setor público quanto para o empresariado pernambucano”, afirma o consultor Francisco Cunha, editor desta coluna e sócio da TGI, empresa integrante da Rede Gestão. “Os desafios devem ser encarados e tratados com realismo para que essa trajetória seja potencializada”, alerta.
Na opinião de Francisco, o Estado tem que enfrentar alguns entraves para conseguir consolidar seu desenvolvimento. Os principais são escassez de mão de obra especializada, concentração espacial da economia em Suape e no litoral, concentração na economia do petróleo e sobrecarga na infraestrutura.
Para vencê-los, ele destaca que Estado, empresas e profissionais precisam desenvolver ou aperfeiçoar novas competências: (1) pública, para modernizar a gestão, melhorar os seus serviços e fazer com que os recursos não se enclausurem em Suape e se distribuam, tanto horizontal quanto vertical e espacialmente, na economia estadual; (2) empresarial, para modernizar a gestão e preparar-se para competir com concorrentes capacitados que estão vindo junto com os investimentos estruturadores; e (3) profissional, para capacitar-se para o aumento das exigências relativas aos padrões de prestação de serviços que se equipararão às referências globais.
“O Poder Público precisa preparar as bases para a próxima geração, focando sua estratégia na educação fundamental, na formação para o trabalho, no desenvolvimento empresarial, na difusão da inovação, no avanço da desconcentração regional, no enfrentamento das emergências e na melhoria do padrão social”, assinala.
Já o empresariado, diz ele, deve desenvolver uma postura mais pró-ativa de alianças estratégicas para um Pernambuco global, assumindo o papel de protagonismo empresarial, aproveitando as oportunidades e preparando-se para as mudanças, que serão muitas e profundas.
“É chegada a hora inadiável da articulação e das alianças, sem as quais o desenvolvimento se fará, infelizmente, à revelia dos pernambucanos”, observa.