Ler é muito melhor para o cérebro e a memória do que fazer palavras cruzadas

GH695
Praticamente todas as recomendações para exercitar o cérebro e para preservação da memória falam dos benefícios de fazer palavras cruzadas. Inclusive, como instrumento de prevenção contra a senilidade. Agora, estudos têm reforçado o entendimento de que a leitura é o remédio mais eficaz para a memória. Perguntado sobre como podemos melhor exercitar o cérebro, o neurocientista Ivan Izquierdo responde:

“A melhor forma é lendo. A leitura envolve memória visual, verbal, relação com o contexto, tudo isso processado em milissegundos. Quando lemos, fazemos um scanner do universo inteiro que o cérebro conhece. Não há nenhuma outra atividade cerebral que chegue perto disso. Fazer palavras cruzadas ajuda, mas ler ajuda muito mais.”

Ivan Izquierdo, Folha de S. Paulo, 29.05.08

Na própria Folha de S. Paulo do mesmo dia, uma notícia mostrava o quanto a questão no Brasil é dramática em relação à leitura. A newsletter Palavra da Consultexto (www.consultexto.com.br) chama a atenção para o paradoxo.

“Por ironia, o jornal estampa, na mesma edição, os resultados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope/Instituto Pró-Livro. O ‘retrato’ continua feio. A leitura aparece como quinta opção para o tempo livre e, pior, 45% dizem simplesmente que não gostam de ler.”

Palavra da Consultexto, número 401, 02.06.08

Na pesquisa foram considerados como leitores aqueles que leram pelo menos um livro nos três meses anteriores. A mesma pesquisa dá conta de que, quando indagada sobre o que prefere fazer em seu tempo livre, a maioria da população opta por ver televisão (77%). Daqueles que declaram dedicar seu tempo livre à leitura, 27% lêem revistas (leitura semanal) e 20% lêem jornal (leitura diária). Para eles, os livros são preferidos para leitura mensal.

“O Sul é a região onde mais se lê (média de 5,5 livros por pessoa), à frente do Sudeste (4,9 livros), Centro-Oeste (4,5 livros), Nordeste (4,2 livros) e Norte (3,9 livros).”

Folha de S. Paulo, 29.05.08

Não só para a memória mas, também, para tudo mais na vida, a leitura é importante. Há, inclusive, um ditado muito citado que diz: “quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Para o exercício do cérebro e para o estímulo adequado da memória, além da leitura, Ivan Izquierdo realça a importância de cultivar as relações sociais.

“Além do hábito de leitura, o uso constante da memória e o convívio social ajudam porque permitem o intercâmbio de idéias e eventos, especialmente com pessoas da mesma faixa etária e mútuo interesse.”

Ivan Izquierdo, O Globo, 08.06.08

Ler e conviver parecem ser as melhores formas de lidar com a questão da inevitável fragilização da memória, à medida que o tempo passa e aumentam as exigências do dia-a-dia. Sem falar no turbilhão de informações que contribuem para a confusão do raciocínio e embotamento da memória. Ou seja, o indicado é ler, conviver e lembrar daquilo que é importante.

“As memórias que permanecem pouco e não são repetidas ou revividas desaparecem por falta de uso.”

Ivan Izquierdo, O Globo, 08.06.08