O mundo plano com suas ameaças e oportunidades requer muita imaginação criativa


Neste terceiro e último número do GH (ver os anteriores 578 e 579) sobre o “Mundo Plano” (“O Mundo é Plano — Uma Breve História do Século XXI” de Thomas L. Friedman), merece destaque a abordagem do autor sobre a globalização que ele divide em três momentos: Globalização 1.0 (da viagem de descoberta do continente americano por Colombo no ano 1492 até o ano 1800, quando o mundo passou de “grande” para “médio”); Globalização 2.0 (de 1800 até o 2000, quando o mundo passou de “médio” para “pequeno”); e a Globalização 3.0 (do ano 2000 em diante quando o mundo de “pequeno” passa a “minúsculo”). É na globalização 3.0 que o mundo se torna plano e onde as empresas, para sobreviverem, devem adotar as regras citadas no número anterior.
1. Não tente construir muralhas: se a empresa for atingida pelo “achatamento” do mundo, convém reagir fugindo da comoditização e reforçando as competências básicas (o mais difícil de ser copiado pela concorrência).
2. Se pequeno, se comporte como grande: as empresas pequenas devem procurar usar, ao máximo, as facilidades do mundo plano para reforçar a rapidez de sua ação e a capacidade de ir além da concorrência.
3. Se grande, se comporte como pequeno: as empresas grandes, por sua vez, devem lançar mão dos recursos do mundo plano para se tornarem ágeis no atendimento aos clientes, da forma mais próxima possível deles.
4. Colabore: dada a complexidade do mundo plano, terão vantagens competitivas aquelas empresas que conseguirem mais colaboração produtiva com outras que as complementem (redes de cooperação, por exemplo).
5. Mantenha-se saudável e venda a experiência: no mundo plano as empresas devem cuidar permanentemente da sua “saúde” e aproveitar essa experiência para vender soluções para os clientes.
6. Terceirize para crescer e, não, para diminuir: a terceirização de serviços deve ser um recurso para melhorar e crescer e, nunca, para o inverso.
7. Use a terceirização também para os projetos sociais: o que serve para as empresas no mundo plano, serve também para as organizações sem fins lucrativos que trabalham com projetos sociais.
Na conclusão do livro, Friedman faz um paralelo entre duas datas-símbolo da globalização planificadora atual: 09.11 (queda do Muro de Berlim) e 11.09 (queda das torres gêmeas). Como exemplo de uma, cita David Neeleman, criador da empresa JetBlue, e como exemplo da outra, cita Osama Bin Laden, criador da al-Qaeda.
“O que leva uma pessoa à alegria da destruição e outra à alegria da criação, o que leva alguém a imaginar o 9/11 e outra imaginar o 11/9 é sem dúvida um dos grandes mistérios da vida contemporânea.”
Thomas L. Friedman
A nova globalização, com os instrumentos que disponibiliza para todos, tanto permite uma coisa, quanto outra. São dados da nova realidade que serão melhor aproveitados pelos que tiverem maior capacidade de invenção para o “bem”.
“Neste mundo aplainado, o atributo mais importante que se pode possuir é a imaginação criativa — a capacidade de ser o primeiro do quarteirão a compreender de que modo todos esses instrumentos de capacitação podem ser reunidos de maneiras novas e excitantes para criar produtos, comunidades, oportunidades e lucros.”
Thomas L. Friedman
Um mundo “plano”, cheio de oportunidades e ameaças, onde pessoas, empresas, regiões e países estão desafiados a inventar coisas novas e melhores para si e para os outros.