Saber fazer pausas e desacelerar é também necessário ao controle da agenda


Comentando o Gestão Hoje anterior (ver GH 568), o jornalista e escritor Fábio Lucas reporta-se à necessidade de adotar “espaços em branco” na agenda
“A agenda precisa de brancos! De tempo para esquecer o tempo… (ou para lembrar dele, sem vê-lo passar entre as horas marcadas). E, já que Drummond foi citado: ‘A vida necessita de pausas’. A agenda também, para que nós não fiquemos com a errada impressão de que só há vida fora dela.”
Fábio Lucas
Ele chama a atenção para uma tendência que está em alta, seja em relação à necessidade de pausas ou de “parar” de vez em quando, seja em relação à recomendação de “desacelerar”. Sobre esses temas, dois livros recentemente publicados no Brasil merecem atenção. O primeiro deles é “A Essencial Arte de Parar – Um método revolucionário e simples para a paz e o encontro consigo mesmo” (Dr. David Kundtz, editora Sextante, Rio de Janeiro) e o segundo é “Devagar – Como um movimento está desafiando o culto da velocidade” (Carl Honoré, editora Record, Rio de Janeiro).
“Sem uma quantidade mínima de relaxamento verdadeiro, qualquer iniciativa começa mal. Os seres humanos simplesmente não foram feitos para permanecer em estado de estresse o tempo todo.”
David Kundtz, “A Essencial Arte de Parar”
A tese defendida no livro “A Essencial Arte de Parar” é a de que todos devemos programar pausas e ficar sem fazer nada por um período definido (de um segundo a um mês). O propósito é se tornar mais desperto e o essencial é não se deixar aprisionar pelo ativismo e promover paradas estratégicas, breves ou longas, dependendo da necessidade e da disponibilidade. Tanto podem ser várias pequenas paradas por dia quanto paradas de dias durante o mês ou durante o ano (as férias, por exemplo, são paradas do tipo preconizado).
Já a tese do segundo livro (“Devagar”), é mais radical. Trata ela de um movimento mundial de desaceleração que contrapõe-se ao culto da velocidade e do decorrente estresse que provoca, introduzidos na nossa cultura pela revolução industrial.
“O estresse do trabalho nem sempre é um fator negativo. Em doses limitadas, contribui para concentrar a mente e aumentar a produtividade. Mas em doses excessivas pode ser uma passagem de ida sem volta para o colapso físico e mental.”
Carl Honoré, “Devagar”
Por isso, diz o autor, amparado em ampla pesquisa e em inúmeras entrevistas ao redor do mundo, é indispensável não se deixar dominar pela pressa irrefletida ou pela correria
desordenada e tomar o controle da agenda, diminuindo o ritmo quando se trata de fazer bem o que não se pode fazer correndo.
“As coisas que requerem uma certa lentidão – planejamento estratégico, pensamento criativo, cultivo de relacionamentos – se perdem na corrida ensandecida para manter o ritmo, ou simplesmente para parecer ocupado.”
Carl Honoré, “Devagar”
Seja por que método for, o que parece necessário, como destacam as observações dos autores citados, é não se deixar dominar completamente pela tirania dos horários e da velocidade e programar as pausas e as desacelerações necessárias, sem perda do controle da agenda e dos objetivos a serem atingidos.