2º turno oferece oportunidade paradebate de propostas entre candidatos

 
Deu zebra. Contrariando as tendências dos últimos meses e a vantagem acumulada pelo candidato à reeleição, em razão do desempenho da economia (ver GH/605) e da queda da miséria (ver GH/606), a eleição presidencial foi para o segundo turno. Contra as previsões de todos, inclusive as do próprio presidente.

“Ganhei, gente. Ganhei de novo. Não precisou nem de prorrogação. Mesmo com o time desfalcado, ganhei no tempo regulamentar. Vão ter que engolir, de novo, o torneiro mecânico, nove dedos e monoglota. É Lulinha de novo, com o voto do povo.â€?

Presidente Lula, em comício, Blog do Noblat

O fator que mudou o jogo, dando prosseguimento à metáfora futebolística, aos 44 minutos do segundo tempo, foi a impressionante trapalhada armada, mais uma vez, pelo PT com, ao que parece, o objetivo de atrapalhar a candidatura de José Serra e favorecer a de Aloísio Mercadante ao governo de São Paulo. A operação, chamada pelo ministro Tarso Genro de “Dossiê Tabajaraâ€?, numa alusão às organizações da turma do Casseta & Planeta, foi tão mal conduzida que o próprio presidente, em conversa telefônica reconstituída pelo blog do jornalista Josias de Souza, chegou a aventar a hipótese de sabotagem.

“A gente dá 50 voltas no autódromo, conduz o carro com todo o cuidado, abre uma enorme vantagem sobre os adversários e, na última curva, vem o nosso próprio pessoal e joga óleo na pista. Isso tem nome. É sabotagem.â€?

Presidente Lula, segundo o Blog Josias de Souza

Realmente, se tivesse sido montada por encomenda da oposição não teria sido tão perfeita. Depois de toda a lambança do mensalão, superada, em termos de imagem, pela impressionante habilidade comunicativa do presidente, que conseguiu passar por cima da opinião pública e dos meios de comunicação, e estabelecer um canal direto com os seus eleitores, vem à luz uma operação desastrada e reabre a ferida em vias de cicatrização. Não fosse essa manobra, no mínimo irresponsável, a fatura seria liquidada no primeiro turno, com a ajuda, inclusive, da candidatura Alckmin, que não foi veemente em relação ao tema como queriam, inclusive, seu aliados.

“Alckmin poderia ter ganho no primeiro turno e ir para o segundo na frente se tivesse abordado as mazelas de Lula e seu governo no inicio da campanha. O dossiêgate teria então a força do ‘Não disse!?’â€?

César Maia, prefeito do Rio, Blog do Noblat

Além do caso do dossiê, por certo contribuiu também para o resultado do primeiro turno a não ida do candidato-presidente ao último debate promovido pela Rede Globo, que deixou sua cadeira vazia como depositária das pancadas dos outros candidatos presentes. Agora, vamos para a prorrogação.

“Não concordo com a tese de que o segundo turno é uma outra eleição. O segundo turno pode ser melhor comparado à prorrogação de um jogo de futebol. Nele pesa mais a atuação nos últimos 15 minutos do tempo regulamentar do que na do restante do jogo.â€?

Cláudio Couto, professor PUC/SP, Globonews, 01.10.06

A vantagem do segundo turno é a oportunidade que se abre de discussão dos temas relevantes para o país que não foram tratados no primeiro turno. Para nós, os eleitores, resta torcer por uma campanha limpa e propositiva e por um debate de idéias, de fato, elevado. O país merece e precisa disso.