Mais do que "as pessoas", os gruposé que são as verdadeiras fontes de mudança

 
Bem ao contrário do que o senso comum acostumou-se a exaltar, não são as pessoas – “o ser humano” – que fazem acontecer as mudanças nas organizações. São os grupos, ou seja, as pessoas organizadas e trabalhando em equipes. Isoladas, elas pouco podem, por melhor, mais dotadas ou bem intencionadas que sejam.
“Os grandes grupos demonstram a mentira da incrivelmente persistente idéia de que instituições vitoriosas são a extensão da sombra de um grande homem ou de uma grande mulher.”
Warren Bennis e Patrícia Biederman
Bennis & Biederman, ao fazerem essa afirmação no livro “Os Gênios da Administração”, apenas verbalizam o que, quando observado com cuidado, se verifica cotidianamente nas organizações de todos os tipos: grandes talentos individuais perdidos ou inadequadamente aproveitados por falta ou insuficiência de trabalho em equipe.
No país do futebol, o funcionamento dos times vitoriosos ilustra bem essa situação. Quantas e quantas agremiações têm fracassado, a despeito de contarem com talentos diferenciados (“craques”) e, muitas vezes, até, por causa disto, mesmo? Por outro lado, quantos e quantos times, considerados, mesmo, “medíocres” em termos de talentos individuais, não têm protagonizado trajetórias vitoriosas, muitas vezes ganhando campeonatos nos quais começaram como “azarões”? A cada ano, vemos, pelo menos, um desses exemplos no cenário nacional.
Se talento individual fosse, por si só, garantia de sucesso coletivo, nenhuma seleção de futebol precisaria mais do que ser convocada para ter garantida uma campanha vitoriosa. A prática demonstra, justamente, o contrário.
Simplesmente convocada e deixada ao “acaso”, uma seleção de “craques” apenas inicia a combustão de uma devastadora “fogueira das vaidades” que vai arder até a calcinação completa de qualquer possibilidade de construção produtiva. Imagine-se uma seleção brasileira de futebol formada de talentos individuais do porte e com egos da dimensão dos de Romário. O que seria deste malfadado time? Por certo não ganharia uma partida nem contra o Ã?bis, autodenominado o “pior time do mundo”. Há quem, até, duvide da capacidade desta inusitada seleção conseguir, sequer, entrar em campo…
É importante, todavia, deixar bem claro que não se está defendendo, nem de longe, o nivelamento “por baixo” dos talentos individuais.
“Não – o trabalho de equipe não significa baixar o nível de alguém extremamente talentoso para o menor denominador comum (…) Os times espetaculares invariavelmente são constituídos por indivíduos talentosos, porém, eles conseguem cultivar o ego e ganhar os campeonatos com uma equipe. Ao mesmo tempo.”
Tom Peters, Você S/A, maio/2001
A tarefa e a responsabilidade de conseguir esse que é o verdadeiro “Ovo de Colombo” do desempenho empresarial conseqüente é de, ninguém mais, ninguém menos, que o gerente – o líder, no esporte – o coacher. Com uma principal matéria-prima: energia organizativa.
“Cada companhia bem-sucedida, cada equipe bem-sucedida e cada projeto bem sucedido funcionam com apenas uma coisa: energia. A tarefa do líder é transformar-se na fonte de energia que impulsiona os outros .”
Tom Peters, Você S/A, maio/2001 
Fazer isso sem se transformar, ele próprio, naquilo que tem por obrigação combater (um ego superinflado), é um desafio adicional que precisa ser perseguido com determinação e persistência porque as tentações serão diretamente proporcionais aos êxitos conseguidos. Quanto maiores os egos sem controle, maiores os fracassos.