A ascensão irreversível da mulherno consumo e na gestão empresarial


Duas propagandas atualmente veiculadas nos canais de TV aberta e por assinatura chamam a atenção para uma tendência de peso no consumo contemporâneo: mulheres anunciando carros.
Fernanda Tavares anuncia o C3 da Citröen, “pretinho” básico decorado pelo estilista Ocimar Versolato, e Ana Hickman, a modelo de “1,2 metro de pernas” (cujo axônio – prolongamento do neurônio, que vai do cérebro até as extremidades do corpo humano – mede “um metro e trinta”, segundo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin), anuncia o Fox da Volkswagen.
“Você imaginaria uma década atrás a germânica Volkswagen recorrendo a Ana Hickman para vender um carro? A mulher é a grande comandante de compras da família e até o carro do marido tem que passar por ela.”
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A citação acima é de um artigo muito interessante, “A Era da Mulherização”, de Darcio Oliveira, Eduardo Pincigher e Daniela Fernandes, publicado no site Pythia, que destaca estarmos vivendo a era da “mulherização” da economia.
“Talvez você não saiba, consumidora, mas o estofamento do banco de seu carro foi cuidadosamente escolhido para não desfiar meias-calças. Se você olhar bem, vai observar também que todos os veículos hoje em dia têm espelho de cortesia no quebra-sol do motorista – para aquela retocada básica no batom, enquanto o sinal está fechado. E se reparar ainda mais, verá que o vão entre a maçaneta e a porta do veículo está mais fundo e os botões do painel ficaram maiores. Tudo para que você não risque ou quebre as unhas.”
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Se isso acontece com os carros, ícone máximo da supremacia masculina no consumo de bens duráveis, o que dizer dos outros itens? O Gestão Hoje, já tratou do assunto antes (ver números 318, 514 e 515).
Todavia, por sua importância e em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado essa semana (08.03.2005), vale a pena aprofundar mais um pouco o tema. Sobretudo no que diz respeito ao fenômeno que acompanha essa nova tendência de consumo: a importância crescente das mulheres na vida empresarial e, mais do que isto, na própria gestão (a propósito, ver também o Gestão Hoje número 320).
Tom Peters, o misto de guru da Administração, escritor e showman dos encontros festivos para homens (e mulheres!) de negócios, é um dos que já há alguns anos vêm tratando do assunto, como é do seu estilo, de modo enfático.
“O lema favorito do general americano Douglas MacArthur era: ‘nunca dê uma ordem que não possa ser obedecida’. As mulheres sabem disso e investem em relacionamentos – esse é um dos motivos pelos quais a primazia do talento de liderança disponível no mundo de hoje está com as mulheres!”
Tom Peters, Você S/A, maio/2001
De tudo isso pode-se concluir que a ascensão da mulher no consumo e na gestão é um fenômeno que, embora recente, veio para ficar.
Evidentemente que, como toda situação nova, essa realidade traz, para os (as) protagonistas, aspectos facilitadores ou positivos (influência, poder, prestígio etc.) e aspectos dificultadores ou negativos. Dentre esses últimos destaca-se a administração do tempo. Afinal, as novas conquistas vêm com uma espécie de sobreposição com antigas e intransferíveis responsabilidades. Mas isso já é assunto para um outro Gestão Hoje.